sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Feliz Natal em Várias Línguas




Como dizer Feliz Natal em Vários Idiomas





Albanês – Gezur Krislinjden



Alemão – Frohe Weihnacht



Armênio – Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand



Bretão – Nedeleg laouen



Catalão – Bon Nadal



Coreano – Chuk Sung Tan



Croato – Cestit Božic



Espanhol – Feliz Navidad



Esperanto – Gajan Kristnaskon



Finlandês – Hyvää joulua



Francês – Joyeux Noël



Grego – Kala Christougena



Magyar – Kellemes Karácsonyt



Inglês – Merry Christmas



Italiano – Buon Natale



Japonês – Merii Kurisumasu (modificação de merry xmas)



Mandarim – Kung His Hsin Nien



Norueguês – GOD JUL



Occitan – Buon Nadal



Polaco – Wesolych Swiat Bozego Narodzenia



Português – Feliz Natal



Romeno – Sarbatori Fericite



Russo – S prazdnikom Rozdestva Hristova



Tcheco – Klidné prožití Vánoc



Sueco – God Jul



Ucraniano – Srozhdestvom Kristovym





quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

“O mais leve movimento de uma alma animada de puro amor é mais proveitoso à Igreja do que todas as demais obras reunidas.”


“O afeto e o apego da alma à criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição, maior a identidade e semelhança, porque é próprio do amor tornar aquele que ama semelhante ao amado.”


´´Que mais queres, ó alma, e que mais buscas fora de ti, se encontras em teu próprio ser a riqueza, a satisfação, a fartura e o reino, que é teu Amado a quem procuras e desejas?´´

São João da Cruz






“A amizade é a mais verdadeira realização da pessoa”



“A amizade com Deus e a amizade com os outros é uma mesma coisa, não podemos separar uma da outra”



“O verdadeiro humilde sempre duvida das próprias virtudes e considera mais seguras as que vê no próximo”



Santa Teresa D´Ávila
“Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras.”


“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, em breve estarás fazendo o impossível.”


“Onde há amor e sabedoria, não tem temor e nem ignorância.”    


São Francisco de Assis







quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

Acho tão natural que não se pense



    Acho tão natural que não se pense
     Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
     Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
     Que tem que ver com haver gente que pensa ...

 
     Que pensará o meu muro da minha sombra? 
     Pergunto-me às vezes isto até dar por mim 
     A perguntar-me cousas. . .
     E então desagrado-me, e incomodo-me
     Como se desse por mim com um pé dormente. . .

 
     Que pensará isto de aquilo?
     Nada pensa nada.
     Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
     Se ela a tiver, que a tenha...
     Que me importa isso a mim?
     Se eu pensasse nessas cousas,
     Deixaria de ver as árvores e as plantas
     E deixava de ver a Terra,
     Para ver só os meus pensamentos ...
     Entristecia e ficava às escuras.
     E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu


Alberto Caeiro

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A úa senhora que, estando de mui bom parecer,
contraiu o parentesco de sogra



Quando deixareis vós de ser fermosa,
Minha senhora dona Mariana?
Nunca jamais, se a vista não me engana,
Ou se a fé, mais que a vista, escrupolosa.

Filha vos conheci, e já vi rosa,
Das que se preza abril, maio se ufana,
Que, em vendo essa beleza soberana,
Do prado se acolhia vergonhosa.

Conheci-vos esposa, em igual preço
Invejada das flores. Mas, que importa
Se mãe fostes, com raios semelhantes?

E até sogra, que agora vos conheço,
( contra o que dizem: nem de barro à porta...)
Aposto que inda sois como éreis dantes.


D. Francisco Manuel de Melo
(1608-1666)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Biblioteca já tem àrvore de Natal...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O livro que só queria ser lido







Decorreu no mês de Novembro mais uma hora do conto, agradecemos a todos que participaram um muito obrigado.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012


http://www.youtube.com/watch?v=lJLOWwSW00A


Não És Homem P'ra Mim


Romana( Interpretação de Luisa Sobral)

 

Não és homem para mim

Eu mereço muito mais

Não és homem para mim

Eu mereço bem melhor

Não és homem para mim

Se não ouves os meus ais

E só a ti tens amor



Não és homem para mim

Eu preciso muito mais

Não és homem para mim

Tu não me dás o que tens

Só tens amor por ti

Não és homem para mim

Nem és homem para ninguém



Eu sou boa demais para ti, eu sei

És menos, eu sou mais, és mal e eu bem

Eu sou uma rosa em flor e tu o espinho que ela tem

Tu és a minha dor, pior não há



Não és homem para mim

Eu mereço muito mais

Não és homem para mim

Eu mereço bem melhor

Não és homem para mim

Se não ouves os meus ais

E só a ti tens amor



Não és homem para mim

Eu preciso muito mais

Não és homem para mim

Tu não me dás o que tens

Só tens amor por ti

Não és homem para mim

Nem és homem para ninguém



Eu soa boa demais para ti, eu sei

Não somos nada iguais

Tu não dás e eu dei

Apenas vês em mim

Uma fonte de prazer

Prazer que eu fingi

Muitas vezes , também ter



Não és homem para mim

Eu mereço muito mais

Não és homem para mim

Eu mereço bem melhor

Não és homem para mim

Se não ouves os meus ais

E só a ti tens amor



Não és homem para mim

Eu preciso muito mais

Não és homem para mim

Tu não me dás o que tens

Só tens amor por ti

Não és homem para mim

Nem és homem para ninguém

terça-feira, 27 de novembro de 2012


http://www.youtube.com/watch?v=qF_5xmrggEw


Perdóname


Pablo Alborán y Carminho



Si alguna vez preguntas el por que?

No sabre decirte la razón

Yo no la se

Por eso y más

Perdóname?



Ni uuuna sola palabra mas

No mas besos al alba

Ni una sola caricia habrá

Esto se acaba aquí

No hay manera ni forma

De decir que si



Ni uuuna sola palabra mas

No mas besos al alba

Ni una sola caricia habrá

Esto se acaba aquí

No hay manera ni forma

De decir que si



Si alguna vez

Creíste que por ti

O por tu culpa me marche

No fuiste tu

Por eso y más

Perdóname...



Si alguna vez te hice sonreír

Creiste poco a poco en mi

Fui yo lo se

Por eso y más

Perdóname...



Ni uuuna sola palabra mas

No mas besos al alba

Ni una sola caricia habrá

Esto se acaba aquí

No hay manera ni forma

De decir que si



Siento volverte loca

Darte el veneno de mi boca

Siento tener que irme así

Sin decirte adios



Siento volverte loca

(Siento volverte loca)

Darte el veneno de mi boca

Siento tener que irme así

(Siento tener que irme así)

Sin decirte adios

(Sin decirte adios)



Ni uuuna sola palabra mas

No mas besos al alba

Ni una sola caricia habrá

Esto se acaba aquí

No hay manera ni forma

De decir que si



Ni uuuna sola palabra mas

No mas besos al alba

Ni una sola caricia habrá

Esto se acaba aquí

No hay manera ni forma

De decir que si



Perdóname...

Os Vendilhões do Templo




Deus disse: faz todo o bem

Neste mundo, e, se puderes,

Acode a toda a desgraça

E não faças a ninguém

Aquilo que tu não queres

Que, por mal, alguém te faça.



Fazer bem não é só dar

Pão aos que dele carecem

E à caridade o imploram,

É também aliviar

As mágoas dos que padecem,

Dos que sofrem, dos que choram.



E o mundo só pode ser

Menos mau, menos atroz,

Se conseguirmos fazer

Mais p'los outros que por nós.



Quem desmente, por exemplo,

Tudo o que Cristo ensinou.

São os vendilhões do templo

Que do templo ele expulsou.



E o povo nada conhece...

Obedece ao seu vigário,

Porque julga que obedece

A Cristo — o bom doutrinário.



(António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo...")

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ofício de Amar


já não necessito de ti


tenho a companhia nocturna dos animais e a peste

tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras

[galáxias, e

[o remorso



um dia pressenti a música estelar das pedras, abandonei-me ao silêncio

é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração

não, não preciso mais de mim

possuo a doença dos espaços incomensuráveis

e os secretos poços dos nómadas



ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto

deixei de estar disponível, perdoa-me

se cultivo regularmente a saudade de meu próprio corpo



Al Berto, “O Medo”

É Preciso Também não Ter Filosofia Nenhuma


Não basta abrir a janela


Para ver os campos e o rio.

Não é bastante não ser cego

Para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.

Há só cada um de nós, como uma cave.

Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;

E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,

Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.



Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

Heterónimo de Fernando Pessoa

Explicação da Eternidade



devagar, o tempo transforma tudo em tempo.


o ódio transforma-se em tempo, o amor

transforma-se em tempo, a dor transforma-se

em tempo.



os assuntos que julgámos mais profundos,

mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,

transformam-se devagar em tempo.



por si só, o tempo não é nada.

a idade de nada é nada.

a eternidade não existe.

no entanto, a eternidade existe.



os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.

os instantes do teu sorriso eram eternos.

os instantes do teu corpo de luz eram eternos.



foste eterna até ao fim.



José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"

quinta-feira, 22 de novembro de 2012






Tudo o que quero guardar da vida,
É o amor que tenho à vida.
É a dor de deixar os que amo,
A dor de tudo o que deixei por fazer.
Quando deixar cair uma lágrima de tristeza,
Pelo fim anunciado,
Independentemente de tudo o que seja a minha vida,
Eu sei, pela dor que sinto,
Que valeu a pena viver.
A estrela que nos guia

Se no céu escolhemos uma estrela,
Ou o céu nos escolheu uma estrela,
Não a sigamos esquecendo o firmamento,
Não a sigamos procurando a salvação.
É a nossa crença que nos conduz ao Messias,
É a nossa visão do firmamento,
Que nos conduz à estrela.

sábado, 17 de novembro de 2012

 

Os Justos


 Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.

O que agradece que na terra haja música.

O que descobre com prazer uma etimologia.

Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.

O ceramista que premedita uma cor e uma forma.

O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.

Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.

O que acarinha um animal adormecido.

O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.

O que agradece que na terra haja Stevenson.

O que prefere que os outros tenham razão.

Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.



Jorge Luis Borges, in "A Cifra"

Tradução de Fernando Pinto do Amaral


 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=PHIe9B5plDI&feature=related

Insensatez

Tom Jobim

A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado
Ah, porque você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração que nunca amou
Não merece ser amado
Vai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração pede perdão
Perdão apaixonado
Vai porque quem não
Pede perdão
Não é nunca perdoado
http://www.youtube.com/watch?v=FD2NuMknbgk&feature=related


Dá-me Lume

Jorge Palma

Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom
A banda não tinha som
Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar
Eu fiquei louco por ti
Logo rejuvenesci
Não podia falhar
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo á mão de semear
Mostrei-te a oigem do bem e do reverso
Provei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro e o paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-se até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas há tanto tempo a acenar
Eu tinha o espirito aberto
Ás vezes andei perto
Da essência do amor
Porém no meio dos colchões
No meio dos trambolhões
A situação era cada vez pior
Tu despertaste em mim um ser mais leve
E eu sei que essencialmente isso se deve
A esse passo inseguro e ao paraíso no teu olhar
Se eu fosse compositor
Compunha em teu louvor
Um hino triunfal
Se eu fosse critico de arte
Havia de declarar-te
Obra prima á escala mundial
Mas não passo de um homem vulgar
Que tem a sorte de saborear
Esse teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar
http://www.youtube.com/watch?v=Hfo6glc7o5c&feature=related

Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim

Caetano Veloso

De hoje em diante
Eu vou modificar
O meu modo de vida
Naquele instante
Em que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar
De esperar enfim
E prá começar
Eu só vou gostar
De quem gosta de mim...
Não quero com isso
Dizer que o amor
Não é bom sentimento
A vida é tão bela
Quando a gente ama
E tem um amor
Por isso é que eu vou mudar
Não quero ficar
Chorando até o fim
E prá não chorar
Eu só vou gostar
De quem gosta de mim...
Não vai ser fácil
Eu bem sei
Eu já procurei
Não encontrei meu bem
A vida é assim
Eu falo por mim
Pois eu vivo sem ninguém...
De hoje em diante
Eu vou modificar
O meu modo de vida
Naquele instante
Em que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar
De esperar enfim
E prá começar
Eu só vou gostar
De quem gosta de mim...
http://www.youtube.com/watch?v=PKnX6RwA0LM


 Pior que o melhor de dois
Melhor do que sofrer depois
Se é isso que me tem o certo
A moça de sorriso aberto
Ingênua de vestido assusta
Afasta-me do ego imposto
Ouvinte claro, brilho no rosto
Abandonada por falta de gosto

Agora sei não mais reclama
Pois dores são incapazes
E pobres desses rapazes
Que tentam lhe fazer feliz

Escolha feita, inconsciente
De coração não mais roubado
Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo

Pior que o melhor de dois
Melhor do que sofrer depois
Se é isso que me tem o certo
A moça de sorriso aberto
Ingênua de vestido assusta
Afasta-me do ego imposto
Ouvinte claro, brilho no rosto
Abandonada por falta de gosto

Agora sei não mais reclama
Pois dores são incapazes
E pobres desses rapazes
Que tentam lhe fazer feliz

Escolha feita, inconsciente
De coração não mais roubado
Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo

Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo

Linda Rosa de Maria Gadú

sexta-feira, 2 de novembro de 2012


O meu melhor presente


Quando era pequenina,
Tão pequena que não me lembro,
Ofereceram-me uma janela de encartar,
Para trazer no bolso.
Quando os dias são carregados,
De mágoa ou de saudade,
Abro a minha janela,
E espreito para a Primavera. 


terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Bolinho Seriall Killer


Um dia estava no café,
A fingir que lia o jornal( até me parece que estava de pernas para o ar...),
Quando na verdade,
Vigiava o Bolinho Seriall Killer,
Que estava sobre o balcão,
Com um ar muito insuspeito.
Tentava passar despercebido,
Escondendo-se detrás do guardanapo,
Ou fingindo que era um Lanche.
Apenas um olhar experimentado,
Como o meu e o de uma menina sardenta,
Reconheciam nele mais que um suspeito,
Mas sim um verdadeiro criminoso...
Como casos de crime devem ser tratados por adultos,
Segredei à menina sardenta,
Enquanto me dirigia ao balcão:
"Não te preocupes com o bolinho...eu levo-o preso!"





sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Perfeição


Quando eu limpo o pó,
Não deixo de limpar o assento da cadeira por baixo.
Porquê não sei bem,
Ninguém saberia a não ser eu que não o tinha limpo,
Nem o próprio pó saberia,
Já que eu próprio desconfio que esteja lá,
E ainda assim,
Sou incapaz de deixar a cadeira,
Sem me debruçar para limpar,
Um pó que não sei se existe e que com certeza ninguém vê.
Ninguém com certeza me vai dar os parabéns pela minha minúcia,
Que às vezes ocupa mais tempo do que é útil,
Mas eu gosto do trabalho bem feito.
Só ainda não consegui limpar o pó completamente a uma guitarra,
E deve ser por isso que o seu som me parece sempre sujo.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A minha mulher é muito séria,
Nunca usa mini-saia,
Nem tão pouco um decote...
Acho mesmo que à noite,
Debaixo da camisa de dormir,
Usa um saiote...
Por isso rapazes,
Vamos todos à praia do Meco,
Que eu quero ver uma mulher nua,
E se possível, a fazer porcarias...

Elisa Sampaio

Foi quando me disseste que te faltavam dois dentes,
E que metade dos que tinhas estavam chumbados,
Que eu realmente comecei a gostar de ti...
É que sabes, assim eu sei,
Que cuidas mais da alma que do corpo...

Elisa Sampaio

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu pisco o olho a quem me apetece,
Um piscar de olho que tem mais de esperança que de lascívia.
Um piscar de olho que só faz mal,
A quem não tem coração para o entender.

Elisa Sampaio
Dona Maria ia à missa todos os domingos,
E enquanto rezava fervorosamente pela salvação do mundo,
Condenava ao inferno meretrizes, ladrões e infieis da fé.
Deus na sua infinita sabedoria,
Deixou que Dona Maria toda a gente condenasse,
E salvou quem achou por bem salvar,
E parece-me que não salvou a Dona Maria.


Elisa Sampaio.
A criança dançava na luz,
Uma luz pura,
De frutos e animais selvagens,
Quando chegou a noite.
A criança recolheu-se
Debaixo da acácia.
Esperou.
Amanheceu,
E novamente a criança dançou na luz.

Elisa Sampaio

O que te faz sorrir ?
Esse sorriso que se abre,
Sem inteligência e sem razão?
É com certeza um momento de abstração,
Mas também um momento de fé.
Uma fé que não explicas
Nos estudos cientificos,
Que ditam o futuro individual e colectivo,
Mas no pulsar do teu próprio coração.
Não é esperança,
Não é sonho,
O sorriso que vejo,
É a celebração inconsciente da vida.

Elisa Sampaio

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Desgosto de amor




Gosto de homens que jogam futebol,

Homens para quem uma bola é uma bola,

Homens que não pensam que conquistaram o mundo,

Porque marcaram um golo,

Porque ganharam um jogo.

Gosto de homens que não tomam uma aspirina,

Pelo sim e pelo não,

Mas quando têm dores de cabeça.

Gosto de homens asseados,

Mas que não se importem de se sujar.

Gosto de homens que se bastem a eles próprios,

Que não precisem da aprovação ou do aplauso alheio.

Gosto de homens sensatos,

Que tenham a insensatez de gostar de mim.

Gosto de homens que não pensem que me conhecem,

Por conhecerem a minha vida.

E é por tudo isto que gosto de ti,

E é por tudo isto que não gosto de ti.


Elisa Sampaio

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Havia um menino
que tinha um chapéu
para pôr na cabeça
por causa do sol.
Em vez de um gatinho
tinha um caracol
tinha o caracol
dentro do chapéu;
fazia-lhe cócegas
no alto da cabeça.
Por isso ele andava
depressa, depressa
p´ra ver se chegava
a casa e tirava
o tal caracol
do chapéu, saindo
de lá e caindo
o tal caracol.
Mas, era, afinal
impossível tal,
nem fazia mal
nem vê-lo, nem tê-lo:
porque o caracol
era de cabelo.

Poema de Fernando Pessoa dedicado a uma criança que detestava usar chapéu.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Noite

A nau de um deles tinha-se perdido
No mar indefenido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta, ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a névoa escura.

Tempo foi. Nem primeiro nem segundo
Volveu do fim profundo
Do mar ignoto à pátria por quem dera
O enigma que fizera.
Então o terceiro a El-Rei rogou
Licença de os buscar, e El-Rei negou.

                           *

Como a um cativo, o ouvem a passar
Os servos do solar.
E, quando o vêem , vêem a figura
Da febre e da amargura,
Com fixos olhos rasos de ânsia
Fitando a proibida azul distância.

                         *

Senhor, os dois irmãos do nosso nome
O Poder e o Renome -
Ambos se foram pelo mar da idade
À tua eternidade;
E com eles de nós se foi
O que faz a alma poder ser de heroi

Queremos ir buscá-los, desta vil
Nossa prisão servil:
É a busca de quem somos, na distância
De nós; e, em febre de ânsia,
A Deus as mãos alçamos.

Mas Deus não dá licença que partamos.




Fernando Pessoa, Mensagem

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ao expirar o meu último suspiro também eu terei Rosebud nos meus lábios exactamente como a personagem principal de Citizen kane.
Ao expirar o meu último suspiro também eu doarei a vida a quem ma desejou tirar bem à forma do enredo de Blade Runner.
Poderia talvez considerar-me uma actriz no palco da vida mas temo bem que o sejamos todos.
Vivo apenas, como todos vivemos, com Rosebud no coração, tentando que a felicidade não esteja de todo esquecida numa vida em que a poesia quando surge é por urgência da alma e não por necessidade.
Vivo apenas e morrerei apenas, preferindo sempre a vida, acima do bem e do mal de cada vida.
Talvez amanhã ainda os meus olhos se encham de felicidade com o despontar de um dia azul de Primavera e espero perceber que esse sentimento sobre o horizonte azul é um milagre.
E espero que acima de tudo o que nos divide, nos mata, ou nos zanga, todos percebamos que vivemos um milagre.