Ao debruçarmo-nos sobre o visível podemos recolher a imagem que nos foi exposta na palavra de outrem. No entanto, a análise da imagem é subjectiva e distinta! A adaptação interpretativa apenas se processa pela pertença a uma comunidade linguístico-cultural ou pela inferência resultante das premissas anteriormente conhecidas durante o processo de comunicação. Na escrita é relativamente fácil recordarmo-nos de um livro que começamos a ler e que pela dificuldade de reconhecimento do implícito, perdemos a vontade de ler. Essa é uma característica que o leitor deve ultrapassar pela vontade de conhecer, pois as inferências que vai fazendo ao longo do texto serão importantes para a compreensão do início do livro. Alguns autores chamam-lhes pontos de referência, que nos colocam na vivência dos personagens e no estilo da narrativa.
A interpretação que se faz de um texto dá-nos a noção de conhecermos algo de novo que é difícil de partilhar por ser tão próprio, tão… secreto. E quando se fala sobre essa vivência “percebe-se que todas as bibliotecas íntimas têm uma zona de intersecção. Então é outra coisa: é o amor que nasce da leitura. Amo-te, gostamos dos mesmos livros, gostamos um do outro no livro” (Barthes e Mauriés, em Enciclopédia Eunaudi).