sábado, 5 de novembro de 2011

Da janela do meu quarto


Da janela do meu quarto,
Vejo a cidade e o mato,
Uma nespereira e pinheiros,
mesmo ao lado candeeiros,


Quais estrelas mais próximas,
Iluminando a rua,
Da janela do meu quarto,
Avisto ao longe a tua.

Vejo ao longe um regato,
Da janela do meu quarto
Vejo videiras e flores,
Sinto cheiros e odores.

Quem em suave brisa chega,
Do Recanto dos Amantes
De tão pura atmosfera
Sob estrelas cintilantes.

Da janela do meu quarto,
Vejo tudo quanto quero,
Vejo-me a mim noutro tempo,
Vejo os outros e relembro,

Do sonho, o que é real,
Da vida, o que é banal,
Da realidade feita em sonhos,
Vejo o passar dos anos.

Da janela do meu quarto,
Vejo dias diferentes,
Vejo enfim outras coisas
Que são as mesmas que antes.

Como um país sem fronteira,
Vejo de outra maneira,
Nem longínquo horizonte,
Vejo um rio e uma ponte.

Nada me pode parar,
Nem sequer intimidar,
Sem caminho vou partir,
Sem pensar vou decidir.

Apenas irei chegar,
Onde a vida me levar,
Talvez até à tua rua,
E à janela que é tua.

Sem sair daqui, eu parto,
Comigo levo o Luar,
Sem daqui sair, viajo.
Sem partir, vou regressar.

Se vou p´ra longe, perdido,
Sinto saudade, por ficar,
De quem chegou sem ter partido,
De quem partiu, sem cá chegar!...

Rui Magalhães Sarmento